quinta-feira, 12 de abril de 2012

Inácio Ribeiro, o estilista brasileiro que veste Adele, fala à Vogue


O estilista brasileiro Inácio Ribeiro tem a honra de vestir Adele, uma das cantoras mais premiadas do momento. Em entrevista à Vogue, ele contou sobre a experiência e falou um pouco sobre os projetos da Clements Ribeiro, marca que mantém ao lado de sua esposa inglesa, Suzanne Clements.
Suzanne Clements e Inácio Ribeiro, duo anglo-brasileiro por trás da Clements Ribeiro, cercam modelo em campanha assinada para a marca plus size Evans Inácio Ribeiro faz parte de um big deal.

 Ao lado da esposa inglesa Suzanne Clements, o estilista brasileiro mantém a Clements Ribeiro, marca criada em 1993 que ganhou destaque em 2011 por vestir a cantora Adele.

 Este ano, passou a investir na moda plus size e, no início de abril, lançou a primeira de três coleções cápsula em colaboração com a rede britânica Evans. No Brasil para reuniões em torno do que pode vir a ser uma parceria voltada ao mercado brasileiro, o casal será o centro de um jantar na casa da consultora Paula Martins nesta terça-feira (10.04).

 Em entrevista à Vogue, o estilista falou sobre vestir celebridades, criação de moda em tamanhos grandes e o novo momento da marca.
Adele escolheu Clements Ribeiro para vestir em um show no Royal Albert Hall (setembro de 2011) que deu origem ao seu DVD 

Como começaram a vestir Adele?

Nós temos uma relação muito boa com a Vogue britânica e Alexandra Shulman [editora da revista] é nossa amiga. Antes de fazer a matéria de capa, a stylist Kate Phelan nos procurou e perguntou se faríamos roupas para Adele. Ela disse que estava difícil de achar marcas que aceitassem isso – o que certamente mudou hoje em dia, depois de todos os prêmios que ela ganhou. Fizemos três vestidos e um cardigã de cashmere. Como Suzanne gosta muito da música dela, mandou um bilhete contando isso e mencionou que, se gostasse das peças, poderia ficar com elas. Duas semanas depois, Adele nos procurou pois precisava de um vestido: foi o que ela usou para gravar seu DVD no Royal Albert Hall!

À esquerda, a cantora pop veste a marca durante apresentação no Brit Awards; à direita, no Grammy (ambos em fereveiro de 2012) 

Que tipo de roupa Adele pede a vocês?

Ela gosta de preto, renda e bordado – a razão para o preto é o ícone dela, Johnny Cash, que só usava preto para cantar. Adele é muito conservadora, sempre procuramos puxar ela um pouquinho para outro lado. Ficamos felizes que o vestido que ela usou nos shows em Montreal e Las Vegas não tinha quase nada de preto [risos]. Havia uma opção de vestido estampado entre os que criamos para ela usar no Brit Awards. Ela escolheu o mais escuro, é claro, mas continuou com o outro, que é a cara da Clements Ribeiro. Não vejo a hora de ela usar!

Mais Clements Ribeiro: no tapete vermelho do Mercury Prize (setembro de 2011) e em show em Las Vegas (agosto de 2011)  

Enquanto aguardamos uma colaboração da Clements Ribeiro para o Brasil, quais são as que a marca já fez antes?

Logo que começamos, fizemos coleções cápsula para a Topshop (inclusive, fomos a primeira etiqueta com a qual eles fizeram parceria). Nesse sentido, fomos pioneiros na Inglaterra, pois na época nossa PR e várias outras pessoas questionaram se seria uma boa ideia, e hoje em dia todo mundo faz colaboração. Mais tarde, trabalhamos na direção criativa da Cacharel por sete anos, no que foi nossa maior colaboração. Agora, temos uma parceria plus size com a Evans, que vai durar três coleções, no mínimo.


 Como tomaram a decisão de fazer uma investida na moda plus size?

Nunca havíamos pensado em fazer plus size. Com a globalização e a internet, a moda está ficando cada vez mais inclusiva – até o luxo está sendo massificado. Olhe para as modelos negras e asiáticas; elas estão em todas as campanhas, desfiles. Isso é importante para passar uma mensagem global e também porque as clientes vêm de todos os lugares. Agora, finalmente, essa mensagem chegou ao plus size. Quando a Evans nos chamou para fazer a coleção, pensamos imediatamente que seria uma oportunidade fantástica, pois pouca gente está usando talento de primeira linha para esse mercado.


Modelos posam para campanha da coleção cápsula da Clements Ribeiro para a marca plus size Evans, em cliques de Angelo Pennetta 

O processo criativo é diferente para esse nicho do mercado?

A mulher plus size tem necessidades específicas às quais não estávamos acostumados. Por exemplo: a maioria delas tem inibição de mostrar o braço, não gosta de mostrar muita perna, várias delas não usam calça comprida, têm um preconceito grande com listras horizontais, e têm busto, algo que nós da alta moda costumamos ignorar. Além disso, há uma certa timidez no uso de estampa e cor. Estamos trabalhando nisso. Aprendemos as regras para depois começar a quebrá-las. A segunda coleção chega às lojas em setembro, muito mais próxima da moda de nossa linha principal.

  A moda tem preconceito com o plus size?

Existe um preconceito social contra o plus size. É a coisa do “gordo”, do “big G”. Vou usar a Adele como exemplo: ela é uma mulher grande pois tem uma construção grande e, apesar de ter perdido muito peso, ela é tamanho 18 na Inglaterra, o que equivale ao 50 no Brasil. E ela é linda! Nem Susanne nem eu gostaríamos que ela ficasse mais magra do que isso. É preciso trazer aceitação para a moda, mas também para a sociedade. (ANTONIA PETTA)

Fonte: http://vogue.globo.com/moda/news/inacio-ribeiro-o-estilista-brasileiro-que-veste-adele-fala-a-vogue/

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